Porque não podemos apelidar de grande debate os pequenos frente-a- frente que contrapõem perspectivas políticas de dois ou três responsáveis partidários. Nem neles incluir algumas mesas redondas que são interessantíssimas discussões, ou antes, revelações do progresso técnico e científico do nosso tempo. Espero que seja óbvio não dever incluir os inúmeros programas de discussão estéril sobre os pontapés que foram dados na bola no último fim-de-semana. Até porque neles só se fala da corrupção, que parece já não poder ser escondida, quando o Sol já não consegue ser tapado pela peneira. Antes, as insinuações esgueiravam-se na conveniência de estar de bem com o "inimigo".
Tudo isto para dizer da minha frustração. Não ponho em causa méritos de trabalho da jornalista, mas confesso prefereria um programa com menos características de "luta de galos" e mais claros objectivos de dicussão séria e objectiva. Ontem isso, quanto a mim, não foi conseguido nem de perto nem de longe. A escolhas foram péssimas e muito limitadas. Pacheco Pereira, de quem todos conhecemos o ideário ( e que, apesar da discordância que tenho em variadíssimas questões, manteve uma linha de pensamento racional, objectiva), ficaria ali bem, se mais e melhor acompanhado; Mário Soares (a quem apoiei na sua última e infeliz canditadura), não demonstrou, ontem, a agilidade intelectual , tão surpreendentemente jovem no período referido, e, embora as suas intervenções contivessem as bases de propostas que me parecem acabar por vir a ser necessário desenvolver, mais cedo ou mais tarde, estreitou o seu pensamento em generalidades, sem aprofundar e desenvolver devidamente os pilares das suas teses, de forma a credibilizá-las. Custa-me constatar que foi um fraco desempenho. Quanto aos outros ocasionais interventores, interrogo-me da sua representatividade relativamente ao pensamento islâmico. Aquilo a que assisti foram intervenções cheias de ses e mas, sem posições definidas, esclarecidas e esclarecedoras. Já vi bem melhor por parte de representantes portugueses da nossa comunidade muçulmana.
Perante isto, resta-me desejar que os próximos debates o sejam de facto, para bem do esclarecimento público e, consequentemente, duma cidadania mais consciente e afirmada e menos fóbica.
1 comentário:
Identifico-me com o que escreveu. A nossa TV portuguesa recheou-se de novelas e pouco mais. Infantilizou-se.
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