"(...)
O que é o Homem? É este o cerne do problema; todas as culturas do passado e do presente fizeram esta pergunta e deram respostas de uma diversidade desconcertante, com tantas verdades que todas elas se entrechocam na eterna interrogação que é apanágio do processo científico(...)
Nada disto é novo. O que constitui uma novidade é repensá-lo à luz dos progressos mais recentes da antropologia evolucionista. Sair de uma pré-história enclausurada numa visão da História centrada no Ocidente e nos seus arcaísmos.(...)
Existe, de facto, uma oposição entre o bípede viajante e descobridor confrontado com o saber instituído e repressivo, entre as pernas e o assento, entre a liberdade e a opressão.... A oposição secular entre a imanência e a transcendência, entre o conhecimento e a revelação, entre a liberdade de conhecer e a obediência beata.(...)
Esta nova história do homem tem como única ambição, já considerável, viabilizar uma outra história, desembaraçada do seu visceral antropocentrismo ocidental. Continua a ser um projecto predominantemente antropocêntrico, pois só o Homem pode falar sobre o Homem.(...)"
À beleza da simetria prefiro a fragilidade da diferença. Só assim alcanço a tradução do mundo.
sábado, fevereiro 28, 2009
homem e natureza
Pascal Picq (Grande Prémio Moron da Academia Francesa)
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3 comentários:
Como Historiadora, de finos pergaminhos, V. Ex.ª hoje deve ter encarado no Sol nublado, segundo uma perspectiva muito Kantiana(!).
Em primeiro lugar, muito obrigada pela sua visita - é sempre um gosto -, pela observação e pela ironia, essa também muito fina...
De facto, e se bem me lembro ainda, muito devemos a Kant quando procuramos a verdade das coisas, utilizando para isso um dos bons apetrechos que a natureza nos deu e que é a capacidade de raciocinar com lógica. O que atrapalha, quanto a mim, essa sua (dele) teoria é aquela questão da fé... e eu na fé não tenho mesmo fézada, lamento.
Aquela Foto de Mação, onde os Homens tentam vincar a sua presença, numa mensagem para o futuro, já congrega todo o espírito épico das sociedades patriarcais, apesar de certos antropólogos tentarem omitir a relevância dos factos históricos, como através do Livro das Filhas de Eva.
Será sempre difícil fazer a dicotomia do Poder, do Homem Poder e da Mulher Submissa que espreita uma oportunidade de também querer descobrir o mundo...
Armando
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