PICASSO, PICASSO,PICASSO

segunda-feira, julho 16, 2007

Mação - O fundo da alma

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Saí da A23 e entrei no "carreiro" quea nos leva Mação. Ia sózinha, que isto de memórias é difícil partilhar mesmo com os que nos estão mais próximos. Virei à direita e logo surgiu a indicação da velha ponte romana. Deixei o carro para a percorrer a pé, filmando todos os pormenores, que me pareciam novos. Não os consigo ligar à imagem da ribeira transbordante, que a burrica se recusava a transpor, albarda na barriga devido ao esforço, e nós todos com ela, escorregando e gritando. Da água, vestígios. Decerto seria outra, a ribeira, e mais distante.

Já na vila, procurei os passos daqueles verdes anos. E lá estava ela, a velha casa onde me via à janela, pequenina e tímida, ouvindo o "Zé Courela": "Não quero que tu vás à monda, nem ao ribeiro lavar, /não quero que tu vás à monda, que tu vás à monda, que tu vás mondar..."

Por detrás, as ruínas da velha nora, agora sem o burrinho que, de olhos vendados, me entontecia ver girar...
Sorvi cada passo, rua, gente que interpelei. Na volta, repreendi-me por não ter batido à porta, revivido a minha respiração, apagado, talvez, algumas insistentes presenças oníricas. Prometi a mim mesma retomar esta viagem ao fundo da alma, que tanto demorei a iniciar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem me dera ter terra..mas não.

Ando a ver se invento uma.

Quem sabe se...será saloia

Com os cheiros do pão e da maresia

(anónimo)

mim disse...

Também não tenho "terra", tenho recordações dispersas por vários locais. Tento juntá-las, personalizá-las e criar-me a mim própria...