PICASSO, PICASSO,PICASSO

segunda-feira, dezembro 18, 2006

histórias laicas

O Presépio dos notáveis e "mui belos" Marqueses de Belas, as Nossas Senhoras do Ó, as Natividades, as Caminhas do Menino tinham visita guiada. Comovente a sublimação do amor maternal, impiedosamente frustrado nas jovens mulheres pela rigidez da sociedade. Na reclusão conventual, apegavam-se às imagens do "Menino", deixando irromper esse amor estrangulado. As "caminhas"(e os enxovais) são disso interessante exemplo.
Cada obra, sua história. Como gosto de as ouvir.
Por isso, convite tentador, o deste sábado à noite. Mas a visita nocturna a um museu pode afigurar-se quase tenebrosa se não for bem orientada, sobretudo se o visitante primar por alguma indiferença pela temática. Agnóstica confessa, o tema religioso arriscava fazer o pleno das não condições. Daí os amigos terem acolhido com espanto a minha rápida anuência (o que a pendura automobilística não sabia é que nos iríamos perder nos meandros nocturnos da cidade. Bem os tenho avisado: fico fora de rotação, à noite. Um péssimo sentido de orientação, diluído quando a luz me alarga o horizonte e desvanece os medos, mas que remasnesce logo que a oportunidade salta. A outro velho companheiro de Faculdade, que lá nos esperava, valeu-lhe ter levado companhia balsãmica para as agruras da espera). E olhar o horizonte das escadarias do Museu, ali nas Janelas Verdes, é um apelo ao romantismo... Recordo sempre o velho pintor que, quando pela primeira vez visitei este lugar, se deteve, subtilmente, no jardim calidamente colorido pelos tons outonais, preparando-me para a ambiência quase mística que nos esperava. Também hoje gostei. E percebi como as instituições, saindo das rotinas, poderiam estimular mais a gente comum no amor pela arte.

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