O Presépio dos notáveis e "mui belos" Marqueses de Belas, as Nossas Senhoras do Ó, as Natividades, as Caminhas do Menino tinham visita guiada. Comovente a sublimação do amor maternal, impiedosamente frustrado nas jovens mulheres pela rigidez da sociedade. Na reclusão conventual, apegavam-se às imagens do "Menino", deixando irromper esse amor estrangulado. As "caminhas"(e os enxovais) são disso interessante exemplo.
Cada obra, sua história. Como gosto de as ouvir.
MNAA(imagem Daqui)
Por isso, convite tentador, o deste sábado à noite. Mas a visita nocturna a um museu pode afigurar-se quase tenebrosa se não for bem orientada, sobretudo se o visitante primar por alguma indiferença pela temática. Agnóstica confessa, o tema religioso arriscava fazer o pleno das não condições. Daí os amigos terem acolhido com espanto a minha rápida anuência (o que a pendura automobilística não sabia é que nos iríamos perder nos meandros nocturnos da cidade. Bem os tenho avisado: fico fora de rotação, à noite. Um péssimo sentido de orientação, diluído quando a luz me alarga o horizonte e desvanece os medos, mas que remasnesce logo que a oportunidade salta. A outro velho companheiro de Faculdade, que lá nos esperava, valeu-lhe ter levado companhia balsãmica para as agruras da espera). E olhar o horizonte das escadarias do Museu, ali nas Janelas Verdes, é um apelo ao romantismo... Recordo sempre o velho pintor que, quando pela primeira vez visitei este lugar, se deteve, subtilmente, no jardim calidamente colorido pelos tons outonais, preparando-me para a ambiência quase mística que nos esperava. Também hoje gostei. E percebi como as instituições, saindo das rotinas, poderiam estimular mais a gente comum no amor pela arte.
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