PICASSO, PICASSO,PICASSO

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Afectos

Últimas

Nos lares de homossexuais, não há violência doméstica porque, ao que parece, não são lares...(dizem os juízes?!)

terça-feira, dezembro 19, 2006

Vitorino Nemésio

Autor do programa televisivo "Se Bem me Lembro", Nemésio provou que o "charme" não é atributo da beleza. Abriu os olhos na Ilha de Terceira, nos Açores, em 19 de Dezembro de 1901, mas rumou ao Continente para estudar e cá exerceu o magistério universitário, sem perder o sotaque e o amor natais. A inclinação literária surgiu cedo, deixando obra larga em vários géneros. O ponto alto da sua produção é, no entanto, a obra premiada "Mau Tempo no Canal". Mas seria a capacidade comunicativa, o interessante divagar pelos mais variados assuntos, aparentemente perdido neles, a marca mais profunda da sua personalidade, captando o interlocutor num crescendo de atenção e empolgamento. Foi único nessa arte de encantar.

À solapa

Inesperadamente, as nossas recalcadas e ocultas faces enfrentam-nos de "solapão". Esta tarde, uma delas atravessou-me num cruzamento da cidade. Por ela e para ela, recordo estes versos de Reinaldo Ferreira.
*
E se a tarde vier, deixá-la vir...
E se a noite quiser, pode cobrir
Triunfalmente o céu de nuvens calmas...
*
De costas para o Sol, então veremos
Fundir-se as duas sombras que tivemos
Numa só sombra, como as nossas almas.

Eras

Sob o lençol o caminhante está deitado /Nesta parte do livro da memória /achei ó Dante uma rubrica: Vita nova (...) /Este é tempo de facto e de notícia /Não ouves o rumor do acontecer?
(Manuel Alegre in "Babilónia")

Merry Christmas


segunda-feira, dezembro 18, 2006

histórias laicas

O Presépio dos notáveis e "mui belos" Marqueses de Belas, as Nossas Senhoras do Ó, as Natividades, as Caminhas do Menino tinham visita guiada. Comovente a sublimação do amor maternal, impiedosamente frustrado nas jovens mulheres pela rigidez da sociedade. Na reclusão conventual, apegavam-se às imagens do "Menino", deixando irromper esse amor estrangulado. As "caminhas"(e os enxovais) são disso interessante exemplo.
Cada obra, sua história. Como gosto de as ouvir.
Por isso, convite tentador, o deste sábado à noite. Mas a visita nocturna a um museu pode afigurar-se quase tenebrosa se não for bem orientada, sobretudo se o visitante primar por alguma indiferença pela temática. Agnóstica confessa, o tema religioso arriscava fazer o pleno das não condições. Daí os amigos terem acolhido com espanto a minha rápida anuência (o que a pendura automobilística não sabia é que nos iríamos perder nos meandros nocturnos da cidade. Bem os tenho avisado: fico fora de rotação, à noite. Um péssimo sentido de orientação, diluído quando a luz me alarga o horizonte e desvanece os medos, mas que remasnesce logo que a oportunidade salta. A outro velho companheiro de Faculdade, que lá nos esperava, valeu-lhe ter levado companhia balsãmica para as agruras da espera). E olhar o horizonte das escadarias do Museu, ali nas Janelas Verdes, é um apelo ao romantismo... Recordo sempre o velho pintor que, quando pela primeira vez visitei este lugar, se deteve, subtilmente, no jardim calidamente colorido pelos tons outonais, preparando-me para a ambiência quase mística que nos esperava. Também hoje gostei. E percebi como as instituições, saindo das rotinas, poderiam estimular mais a gente comum no amor pela arte.

O Princípio de Tudo

Em 18 de Dezembro

domingo, dezembro 17, 2006

Retiro

Nada de notícias, política ou leitura de jornais. É uma espécie de retiro sanitário. Lamento não vir relembrar Liv Ullmann (como me impressionaram as suas interpretações e histórias no cinema dos tempos idos - lembram-se dos"Morangos Silvestres"? Nada da moranguice que anda agora por aí), Catarina de Aragão, Margaret Mead (outra personalidade cujo trabalho antropológico me fascina, que quebrou tabus e velhos preconceitos da sociedade americana . Notáveis os estudos sobre as sociedades ditas primitivas como os de Samoa) e Leonid Brejnev, aniversariantes ontem, ou D. Maria I e Fernando Lopes Graça, hoje. Deles falarei, um destes dias, claro. Para já, faço feriado.

As Novas Catedrais...

Velhas Catedrais

(Lleida)

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Exemplos - Barcelona diz "Basta"

A beleza da ficção (imagem Daqui) A crueza da realidade (imagem Daqui)


Bons exemplos chegam de fora. Barcelona pretende acabar com as touradas já em 2008.Os "circos romanos" estão a ficar fora de moda. (http://www.elpais.com/articulo/Barcelona/guardara/corridas/toros/partir/temporada/2008/elpepucul/20061215-elpepucul_2/Tes)

A Origem dos Cometas

Os cientistas que analisaram os materiais trazidos pela "Stardus" divulgam conclusões.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Aphra Behn

Mais uma mulher que lançava as raízes de um futuro diferente.Veio ao mundo nesse frio 14 de Dezembro de 1640, destinada a um percurso tumultuoso que percorreu com força e coragem. Viúva e em dificuldades, viajante e espia, lançou mão de tudo o que lhe permitisse singrar, em época conturbada de lutas entre republicanos e realistas ingleses. Foi a primeira mulher a viver da escrita, precursora do feminismo e de algumas ideias libertárias. De salientar "Oroonoko", como que antecipando "O Bom Selvagem" de Rousseau. Sepultada em Westminster.

As mães e a luta contra a pobreza

Interessantes as conclusões de um estudo que pretendeu apurar a relevância do papel das mulheres no desenvolvimento dos filhos e dos países. Por outras palavras, após a observação de 30 famílias de países em desenvolvimento, a análise conclui que, quando a mãe tem mais poder económico, logo mais decisor, as escolhas familiares favorecem o desenvolvimento das crianças, melhorando as condições de saúde e de acesso à educação, enquanto para os pais, homens, as prioridades são diferentes. Assim sendo, e dado que os melhores instrumentos na luta contra a pobreza são, exactamente, a saúde e a educação, as sociedades não podem nem devem ignorar estas evidências. Artigo de Sylvie Kauffmann, no "Le Monde" (http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3232,36-844309,0.html)

Salât

De acordo com "Le Soir", o salât, oração muçulmana, constitui (também) um óptimo exercício para a saúde, beneficiando o coração e a coluna vertebral.

Ligações perigosas

Pinto da Costa -> Carolina Salgado
Diminuição de regalias na Segurança Social -> Seguradoras
Magistrados da Justiça -> Associações Desportivas
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Há pouco, ouvia, espantada, as declarações de um representante sindical dos magistados da justiça, afirmando que o magistrado é um cidadão e, como tal, com direito a ter assento naquelas instituições... Que mais será necessário para que percebam que uma coisa é o direito em abstracto, outra é o ético, no contexto! Ou não interessa perceber?!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Hoje, Ontem

13 de Dezembro
Concílio de Trento

Paulo III, um Papa que gostava do fausto e que vivia rodeado de luxo, sabia não ser sustentável a situação da Igreja Católica, gravemente atingida pelas controvérsias com Calvino, Lutero e outros, e o consequente nascimento das várias Igrejas Protestantes. Mas possuía uma notável energia - são dele atitudes como a luta contra contra os turcos, a excomunhão de Henrique VIII de Inglaterra, a mediação entre Carlos V e Francisco I , a construcção de S. Pedro em Roma -e, também sob pressão da recém-formada Ordem Jesuíta, deu início neste dia de 1545 ao Concílio de Trento, que se alongou, com interrupções, até 1563. O Concílio pretendeu redefinir a doutrina católica face àqueles que a rejeitavam : a liberdade e responsabilidade humanas e não a predestinação; um cristianismo fiel à antiguidade e aos textos sagrados. A bondade de Deus é realçada, e não só a sua omnipotência, permite-se o uso de imagens cultuais e a veneração dos santos, mas restaura-se a disciplina e proíbe-se a acumulação de benefícios. Os Jesuítas impunham-se. Propunha-se que a misericórdia, a rigidez e a austeridade substituissem o esplendor, o esbajamento e os excessos. Era a Contra-Reforma. Na prática, tivemos a Inquisição, a estreiteza de vistas e o estrangulamento intelectual, a fuga da "inteligência" para os nações mais tolerantes, como os Países-Baixos, e uma orla sul-europeia retrógrada e sem brilho.
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Emily Brontë

Nascida no Yorkshire e cedo orfã de mãe, Emily Brontë e seus irmãos (todos recordam Charotte Brontë) encontraram na escrita a catarse para uma vivência familiar descompensada, numa época que valorizava muito os valores familiares e a conduta moral rígida e apertada. O seu extraordinário romance "O Monte dos Vendavais", retrato dessa sociedade vitoriana, veio à luz a 13 de Dezembro de 1847 e tornar-se ia um clássico da literatura inglesa, com várias adaptações ao cinema.
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Saddam Hussein

Como esconderijo, restou-lhe um buraco. Saddam Hussein foi capturado em 2003 e ainda decorre o seu julgamento. Violador dos direitos humanos, também ele poderia queixar-se disso mesmo "neste ajuste de contas" final. A sua condenação à morte não vai alterar o desastre da intervenção americana no Iraque.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Sem volta, mas com rastilho

Natal sudanês

Em Setembro de 2005, as Nações Unidas aprovaram um texto em que se propunham acabar com os massacres que dizimam a população do Darfour e traduzem o conflito de interesses entre o norte e o sul, mas também os da economia internacional. Não passou disso mesmo, como nos conta o art. "Darfour, les raisons de l`insoutenable silence de la communauté internationale", publicado pelo "Le Temps".

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Amadeo Sousa-Cardoso

Em exposição até 14 de Janeiro, na Fundação Gulbenkian, "pretende estabelecer um reencontro entre a sua obra e a de artistas estrangeiros seus contemporâneos". Confesso que nunca me tinha demorado sobre o seu trabalho, o que me deu a vantagem de uma surpresa extasiante. Estes trabalhos de Sousa-Cardoso honram qualquer país. A não perder.

Actualidade - Iraque



domingo, dezembro 10, 2006

homens


Responsável pela tortura e assassinato de dezenas de milhares de chilenos que lutavam pela democracia no seu país.
Morreu. Sem castigo.

Efemérides-Direitos Humanos

Quase olho para o dia 10 de Decembro com o sorriso beatífico de quem acredita na Humanidade. Vejamos : D. Maria II de Portugal decretou, neste dia de 1836, a proibição do tráfico de escravos nos domínios portugueses, embora só em Fevereiro de 1869 se tenha decretado a sua extinção.
Em 1948, a Assembleia Geral da ONU adoptou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo artigo 1º diz: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."
Em 1901 foram atribuídos os primeiros prémios Nobel (cinco anos após a morte de Alfred Nobel, inventor da dinamite e, ao que parece, boa pessoa, pois diz-se que o seu testamento pretende redimi-lo do uso devastador dado pela humanidade ao seu invento).
Em 1984 é proibida a tortura de acordo com a Convenção das Nações Unidas.
Já em 1997 o Supremo Tribunal Suíço determinou que os 100 milhões de dólares que o casal Marcos tinha em bancos fosse (re)entregue ao governo filipino.
Tudo isto é tão bonito de recordar, até parece que o Homem vai evoluindo, não fora a realidade de todos os dias.

sábado, dezembro 09, 2006

Megalomanias

Este ano ainda não dei aquela "voltinha" para ver a cidade engalanada com os brilhos de Natal. Reflectidos angularmente pelas gotas das chuvas ou angularizados apenas pelo frio, são sempre sinónimos de festa, talvez não tanto de alegria. Confesso que me penetram de forma ambígua, e pergunto-me se, de facto, me agradam assim tanto. Desde sempre gostei do Natal (agora menos), mau-grado alguns muito arrevezados, que a vida não escolhe datas para nos pregar partidas: algumas, e grandes, me foram feitas lá bem em cima. Apesar disso, o Natal cheira a família, a saudade, a doce cavaqueira, a agasalho e a doces. Mesmo que o nosso não o seja tanto assim, cheira, porque nos alcança o cheiro que deixa nos outros, nas luzes e no ar. E nas crianças. Que isto de "sermos todos solidários e irmãos", para a grande maioria dos terráqueos nem no Natal nem nunca. Mas o meu propósito não era arengar sobre o imenso negócio que esta "festa" gera, nem sobre a dor de cabeça daqueles que têm de multiplicar os cêntimos como Jesus multiplicava os pães. O que eu queria era, isso sim, reflectir sobre a prosápia que domina a cidade e o país, a grande glória de ostentar a maior árvore, as mais numerosas luzes, o maior brilho provisório. Porque cá é tudo provisório. O que é preciso é constar do Guiness. A maior mesa, ou tarte, caldeirada, equilibrista, ou memorizador de números. Basófias, luta de terceiro-mundistas. A de Lisboa ou do Brasil? Qual a maior, com mais luzes e mais gastos? Crise? Esqueçamos, amanhã se verá. Somos os maiores em perícias inúteis. A educação e o conhecimento dão muito trabalho, são de todos os dias.

Futebóis

Carolina Salgado vem acusar , na sua autobiografia,o antigo companheiro, Pinto da Costa, de aliciamento de árbitros (ao que parece por intermédio da própria), e da autorial moral de algumas agressões. Espanta-me a oportunidade da noção de honestidade e de ética. Sirva, ao menos, para alguma coisa.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

John Lennon

Hoje. Em sua memória. Em memória de um tempo. Ouça AQUI

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Entrementes

(Imagem "automobilizada" de uma Av. Coimbrã)

Defeito de personalidade, talvez, gosto muito de "entrementes". Deixar a alma um pouco lá, tê-la já presa no ponto de chegada, mas pairar ainda acima de tudo, sem comprometimentos imediatos e objectivos, numa espécie de "limbo", quanto a mim mais acolhedor que qualquer idealizado "paraíso". Deve ser por isso que gosto tanto de viajar, não importa a distância. Às vezes, naqueles dias de inexplicadas ansiedades, envolvo-me no carro e percorro caminhos, quase sem destino, que o importante é a deriva, em liberdade, pensamentos à solta. Agora, imposta que era a visita a Santiago, bebi todas as paisagens, louvando as cores outonais, dos ruivos aos verdes doirados. A chuva caíu quase sempre, impedindo boas imagens, ficaram pálidos exemplos da sumptuosa paleta ostentada pelas árvores deste fantástico bordado urbano coimbrão.

Ary dos Santos

Outro idealista, porventura de natureza mais frágil, gritava nele a alma, que era a de um poeta (conheci, muito vagamente, um irmão que se suicidou por amor, segundo ouvi, o que comprovará esse carácter genéticamente sensível). Nasceu neste dia de 1937, e todos ainda o cantamos:

"...Original é o poeta/de origem clara e comum/que sendo de toda a parte/ não é de lugar algum..."

ou pela voz sofrida da já saudosa Amália

"...Meu amor meu amor/meu nó de sofrimento/minha mó de ternura/minha nau de tormento/este mar não tem cura este céu não tem ar/nós parámos o vento não sabemos nadar/e morremos morremos/devagar devagar..."

Mário Soares

Aniversariante hoje, nascido em 1924, personalidade exemplar nas vitórias e nas derrotas. Os erros são os de homem, que não deus, mas a força, as convicções, a luta por ideais são as de quem, envelhecido o corpo, não deixa esmorecer espírito e intelecto. O Pintor captou-lhe essa aura de bonomia e de força, num misto que, em Soares, não é contradição. De parabéns também Júlio Pomar, por esta obra.

Pearl Harbor

Na madrugada de 7 de Dezembro de 1941, uma esquadra japonesa de 360 aviões bombardeava a base naval americana no Pacífico. Falhou o objectivo de destruir a sua aviação, que não estava presente na baía, mas destruiu ou afundou a frota americana, matou 2400 dos seus homens e conseguiu levar os americanos à Segunda Guerra Mundial. Com isso, mudou definitivamente o seu rumo.