Vi-o na TV há duas ou três semanas, talvez, rindo ainda com aquela alegria "perversa" e infantil, tão comovente na sua ossuda octogenaridade. Era a festa dos três grandes pioneiros do nosso surrealismo, pois tratava-se da exposição de 90 obras de Cesariny, Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco, na Perve Galeria, aqui na capital. Doente, mas plenamente vivo, como sempre. Agora, dias depois, perante a morte de Mário Cesariny, são as suas palavras que nos ilustram os sentimentos:
"A manhã está tão triste/Que os poetas românticos de Lisboa/
Morreram todos com certeza..."
e o transitório: "Em todas as ruas te encontro,/em todas as ruas te perco..."
Decerto, estarás sempre connosco em todas as ruas da tua cidade.