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Eram os "Globos de Ouro". Só o nome enche e quase atabafa os anelos de qualquer um. As emoções de jovens - que "tinham chegado lá", que viam trabalho e sonhos recompensados, quem sabe talvez só por horas ou dias, que a fama depressa se escoa como areia - misturadas com a daqueles que sentem o tempo a esmorecer tão rápido já.
- "Agradeço a este, àquele e ao outro, beijinhos, beijinhos, beijinhos".
-"Ai, mas que linda, e tu, que bem, o teu vestido é liiiinndo!! Dá lá uma voltinha !"
E a "mais brilhantíssima" (???!!!) noite deste país quase resumida (salvou-a afinal a emocionada solidariedade entre dois companheiros de teatro) e com que ironia, na pergunta atirada ao actor, como se dela dependesse a honra de todo e qualquer merecimento: -"e a ti, quem te vestiu?"
Senti um enorme alívio , ouvindo-o retorquir:
-"Não vás por aí, vesti-me eu, com aquilo que apanhei lá por casa!..."
Um Globo para o Diogo Morgado só pela resposta. E já agora, outro para a menina pelo tanto a aprender na vida, pela patetice ingente que lhe veio desta sociedade vazia, tão perdida para o que pode ou não pode valer a pena.
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