PICASSO, PICASSO,PICASSO

sexta-feira, junho 22, 2007

A Multa


Infrutífero e com uma ligeira impressão de adormecimento na perna esquerda a ferventar-me os neurónios, o dia não estava a correr bem. Consequência da pressão da mesma sobre a embraiagem ou resultado do esticão muscular de ontem, na maldita escada rolante? A verdade é que aquele problema da Margarida Rebelo Pinto (lido nas revistas) me tornou, de momento, mais hipocondríaca. Estacionei o carro na paralela da avenida António Augusto de Aguiar (não consigo prestar muita atenção a nomes) de costas para o Parque Eduardo VII, e corri a buscar o resultado da análise feita, por feliz acaso, no laboratório quase porta com porta com o consultório da ginecologista. Exagero meu, pois tive de atravessar a rua. Entrei com um largo sorriso, e como ali os sorrisos são fáceis, arrisquei uma pressãozinha para não esperar, não estava bem disposta e o talão do estacionamento era curto. Arrisquei e ganhei porque fui despachada e pude sair de novo a correr, disposta a visitar o cardiologista não fosse o diabo tecê-las. Curei-me - receita simples e boa , repetida vezes sem conta pela minha velha tia : nada como uma amora para tirar a nódoa de outra... Frente ao meu carro, redondinha e simpática, boné sobre o lado esquerdo e "a la page", com o ar empenhado de menina de escola, a funcionária (da EMEL ou da Polícia?) tomava notas. Alto!-protestei- o carro é meu, não entendo a multa! Beatificamente, ela sorriu (agora ela) e disse "ainda bem que chegou, já ultrapassou o tempo..." Olhei o talão, arregalei os olhos . Passavam doze minutos. Confesso que melhorei da perna enquanto cogitava : "Quem é que pode resistir em Lisboa!"

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