PICASSO, PICASSO,PICASSO

quinta-feira, junho 28, 2007

O dente de Hatshepsut

(imagem Daqui)

Quando o faraó Tutmés II, marido e meio-irmão de Hatshepsut, morreu, o seu único filho varão era menor e filho de uma esposa secundária (talvez apenas comcubina). Hatshepsut aproveitou a ocasião e tornou-se a regente do Egipto. Procurou depois alongar-se no poder, adoptando todas as formalidades, fazendo-se representar como um rei (homem) com barba, e apoiando-se nos sacerdotes e nos funcionários leais, que haveriam de lhe compor uma ascendência divina, legitimadora desse poder. A respectiva inscrição consta do espectacular templo mortuário, escavado nos penhascos a oeste de Tebas, no local hoje chamado Deir el-Bahari. Fazendo jus à política de conquistas de seu pai, Tutmés I, realizou uma expedição à lendária região do Punt, de onde regressou com ébano, cosméticos, macacos, e todas as madeiras de aroma agradável, resina de mirra e árvores de incenso, que fez plantar em frente do seu templo funerário.

A sua tumba foi, há muito, achada saqueada. Agora pode ser identificada a sua múmia, 3,5 mil anos depois, através de um dente religiosamente guardado através dos tempos e que está ainda a ser sujeito a testes de ADN, de acordo com as notícias divulgadas pelo arqueólogo Zai Hawass. (Ver a obra 'Vida e Sociedade -Nas Margens do Nilo', e o art. do New York Times)

domingo, junho 24, 2007

Decotes - estórias de pudores

(imagem Daqui)

Agnès Sorel, favorita do rei francês Carlos VII, que dizem ter sido a criadora da moda coxa (um aparente desalinho sugerido pelo seio descoberto, desemparelhado do outro, convenientemente oculto).


No séc. XV, os decotes descem ao umbigo. A moda dos seios nús tinha conquistado a alta sociedade. Os "santos pregadores" reagem, mas não apenas eles. Veja-se este pequeno diálogo em que Michel Menot recria uma discussão conjugal:
"-Eh, minha senhora, se toda a gente pode ver os vossos seios descobertos, quem pode impedir que se veja o resto?" - "E que quereis vós que eu faça - diz ela - se o meu vestido é assim 'taillée?' "- " Pegai num bocado da cauda, que é comprida de mais, e pousai-a sobre o vosso seio, onde falta pano."
Diga-se, em abono da verdade, que, no séc. XIV, o vestuário do homem sobe e ajusta na proporção em que o feminino vai descendo. (Apoio na obra de Jean- Claude Bologne)

O Transporte

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sábado, junho 23, 2007

O Midas

(imagem Daqui)

"Bola, Bancos e Artes" ou "Bancos-bolas para as Artes"

Estilo"blasé"(?). De preto vestido, procurando "griffe", o comendador parece correr para tocar em tudo e apagar antigas frustrações. Que novas surpresas nos irá trazer este representante de "Midas". Nos tempos de hoje, não me teria surpreendido se fosse candidato à Câmara.

Câmara de Lisboa - Um,dó, li,tá...

Parece-me que o PPM está no pleno direito de perder a noção da realidade. Só isso explica a candidatura de Câmara Pereira para lides que não as de farras, cantorias e touradas! Bela altura para dizer, como faria Sócrates, "conhece-te a ti mesmo"...

sexta-feira, junho 22, 2007

O Transporte

Instantes da Ásia - correio electrónico

O Avô que eu não tive

Visitando outros blogs, nas noites mais alongadas, encontro um pouco de mim mesma em algumas personagens. Cumprimento a "companheira" que fez anos e que traduziu tão bem a saudade de episódios e pessoas cuja importância cresce com a ausência. "Com que então caíu na asneira..." trauteava também aquele redobrado papel de carta que a minha irmã mais velha abria com ternura para o ler orgulhosamente ao resto da "malta". Nós não tiveramos o privilégio de receber nada igual. Ao avô Ayres nem sequer viria a conhecer. Morreu já velho, e ainda rijo, quem sabe devido aos banhos frios que preparava para de manhã. Contaram-me que deixava no terraço algarvio, durante a noite, a água destinada a essas abluções. Com resultados...

Muitas ausências me couberam por ser a mais nova. A do avô foi apenas uma delas.

A Multa


Infrutífero e com uma ligeira impressão de adormecimento na perna esquerda a ferventar-me os neurónios, o dia não estava a correr bem. Consequência da pressão da mesma sobre a embraiagem ou resultado do esticão muscular de ontem, na maldita escada rolante? A verdade é que aquele problema da Margarida Rebelo Pinto (lido nas revistas) me tornou, de momento, mais hipocondríaca. Estacionei o carro na paralela da avenida António Augusto de Aguiar (não consigo prestar muita atenção a nomes) de costas para o Parque Eduardo VII, e corri a buscar o resultado da análise feita, por feliz acaso, no laboratório quase porta com porta com o consultório da ginecologista. Exagero meu, pois tive de atravessar a rua. Entrei com um largo sorriso, e como ali os sorrisos são fáceis, arrisquei uma pressãozinha para não esperar, não estava bem disposta e o talão do estacionamento era curto. Arrisquei e ganhei porque fui despachada e pude sair de novo a correr, disposta a visitar o cardiologista não fosse o diabo tecê-las. Curei-me - receita simples e boa , repetida vezes sem conta pela minha velha tia : nada como uma amora para tirar a nódoa de outra... Frente ao meu carro, redondinha e simpática, boné sobre o lado esquerdo e "a la page", com o ar empenhado de menina de escola, a funcionária (da EMEL ou da Polícia?) tomava notas. Alto!-protestei- o carro é meu, não entendo a multa! Beatificamente, ela sorriu (agora ela) e disse "ainda bem que chegou, já ultrapassou o tempo..." Olhei o talão, arregalei os olhos . Passavam doze minutos. Confesso que melhorei da perna enquanto cogitava : "Quem é que pode resistir em Lisboa!"

quinta-feira, junho 21, 2007

O Transporte

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segunda-feira, junho 18, 2007

Suspensa

Em uníssono com Manuel Alegre


A tua vida está no meio: a tua contraditória /perigosa apaixonada vida.

/Mudar o homem (dizias). Fazer história.

/Como abolir agora o quotidiano?

/A selva é escura e estás sózinho/com tua guitarra e tua memória

/no meio do caminho.


(in Babilónia)

domingo, junho 17, 2007

Estórias de Gatos-os sapatos "á senhora"



Não eram botinhas fofas e quentes como sacos de dormir. Eram uns elegantérrimos sapatos azuis, saltos de agulha e boa pelica. Os primeiros sapatos de salto, "á senhora", de uma das minhas irmãs mais velhas, a segunda na hierarquia, a primeira a atingir esse grau. Coisas dos tempos. Todas olhávamos para eles como a Cinderella deve ter olhado aqueles outros. A propriétária babava-se, morria por eles, pela sua beleza e pelo novo estatuto. A minha brincalhona gata também. Como censurá-la por um sentimento, pelos vistos, generalizado?! Tanto, que a descarada se embrulhou neles, se enfiou neles, saltou neles, mordeu, sapateou, viveu e exultou neles. Não por muito tempo, mas o suficiente para deixar na suave pelica as estrias profundas das afiadas unhas. A minha irmã deu com eles já tarde. Ainda assim, pegou- lhes, em lágrimas e raiva, e foi colocá-los em porto mais seguro. Com ela zangou-se, julgo que sem perdão, para sempre.

África

Enviada por correio electrónico - Fernando

O grande consenso


Lisboa e o país só discutem a necessidade de consensos e eu volto a sentir-me como a Guidinha e todos os meus neuróneos se fundem e confundem a ouvir as intermináveis opiniões e contra-opiníões que passam a opiniões contra as que forem contra-opiniões e de novo serão contra-opiniões pois dá status dizer não a quem diz sim porque não há direito quando a gente não tem oportunidade de fazer ou não sabe com que cara é que fica se aparecem outros a fazer quem manda o Sócrates decidir o que já estava decididido se até as opiniões técnicas são para todos os gostos não viram o programa da Fátinha onde ninguém se entendia os que não estão no governo também precisam de alguns louros e os outros que disseram ao ministro que a ideia deles era outra e agora ele tem a lata de querer decidir pela cabeça dele que mundo é este onde o ministro é que decide agora também parece que o TGV é caro e logo eu que gostei tanto de o usar lá pelo estrangeiro e já estava a imaginar-me a ir de novo lá fora sem medos e sem tantas poluições mas eles é que são parvos cá por mim o Mário Lino devia era reintroduzir as mulas o pior é que então quem iria protestar seriam os amigos dos animais e quem sabe até eu ia fazer uma manifestação porque isto do país ser atrasado até pode dar geito a alguns mas não metam as mulas nisso que nem os burros já querem essa vida talvez eu acabe por ir falar com o governo porque eles não têm nada que estar para lá a fazer coisas que quando nós votamos neles é para estarem quietinhos como está tudo por aí menos os ladrões e o custo de vida e a gente já se habituou não estamos agora para aceitar outra coisa e até o António Costa devia era deixar de concorrer a Lisboa porque eu já concluí que quanto maior confusão melhor se até a Helena Roseta que tanto geito tinha para fazer de advogado do diabo agora resolveu que tudo ao molho era melhor para a baralhação e que Lisboa está bem demais para se resolva de uma vez se calhar é porque perdia a graça e isso é que dá ânimo à malta é a graça

Armação de Pêra - um cair de tarde

Nestes dias de "intermezzo" algarvio, nem a geografia das almas nem a do Mundo cristalizaram. Mas a imagem dá-nos um momento eterno de calmia, onde parece não haver lugar para sobressaltos. Enganos.