PICASSO, PICASSO,PICASSO

quarta-feira, janeiro 28, 2009

em tempos...


a praia, meados do séc.XX .


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Naquele tempo, a praia era outra coisa. Nem todos tinham ao pé da porta belos horizontes glaucos, ondas desmaiando num areal tinido por vozes infantis. Tudo era comedido e singular e a aventura ampliava-se pela estranheza.
O fim de semana escolhido nascia em ânsias, no cesto imenso comida farta, contrariando os cânones actuais. Poucos quereriam repetir o banho, quase castigo, que o banheiro orientava, insuficiente para nublar a alegria desses dias.
Ainda sinto o esmagar de areia sob os pés descalços, a corrida livre no espaço aberto, o lassar vago das peias tutorais.

Com Sophia de Mello Breyner:

"Há muito que deixei aquela praia

De grandes areais e grandes vagas

Mas sou eu ainda quem na brisa respira

E é por mim que espera cintilando a maré vasa

Há muito,

(...)"

terça-feira, janeiro 27, 2009

sábado, janeiro 24, 2009

escritas e leitores

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Lídia Jorge (por Vasco, tirada daqui)
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Ouvi, um destes dias, Lídia Jorge conversar sobre livros com F.J.Viegas. Avassaladora, a energia intelectual que me transmitiu. Fala com substância, cria emoção no ouvinte e passa-lhe a ânsia de saber e de experienciar. Denominador que se basta para uma personalidade interessante.
Confesso que lhe invejei a capacidade de escalpelizar o seu "bacKground" literário, a leitura profundamente analítica e a admiração por Faulkner e Virgílio Ferreira.
Entre os diversos entrevistados por F. J. Viegas, Lídia Jorge soube comunicar. Fez que me apeteça rebuscar arquivos, procurar esses autores, reinventá-los.

se não foste tu, foi teu pai...


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Os lobos espreitam....
Que final para a fábula?

pormenores

Tavira , portas do antigo mercado.
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por d'assis

quarta-feira, janeiro 21, 2009

o dia

a mensagem e o mito, ou os homens e a necessidade de deuses...

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Ainda não prestei a necessária atenção ao tão comentado e reinterpretado discurso de Obama. Cada um reinventa-o à sua medida, como acontece com evangelhos e tantos outros e díspares documentos. Pessoalmente - eu, que adoro a música das palavras! - atento mais na obra. E, com prazer o digo, acho inspiradoras as suas primeiras medidas.

terça-feira, janeiro 20, 2009

a neve

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Em Sursee, na Suiça (Susana).
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Linda, chega de Braga e foi há uma semana (Armando).
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segunda-feira, janeiro 19, 2009

paira no ar

Mação, em tempos idos...

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Velhinha, de idade incerta, esta imagem que se alonga mais do que as minhas origens. A rua e a casa - varandas de sacada a mostrar a sedução da Arte-Nova no interior beirão - eram as de meu pai e avós. A saudade de tempos não vividos é minha.
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Paira ainda no ar
A energia de que brotei,
Reproduzida,
Inflamada,
Transformada,
Acrescentada,
Mas sempre nela
O fermento
Que me identifica.
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Entre-Mãos

"não sabia que podia..."
No livro de Richard Dawkins, "A Desilusão de Deus"aparece-nos, logo nas primeiras páginas, uma historia de oportunidades falhadas: "Não sabia que podia"...
Não sabemos que podemos demasiadas vezes na vida. Triplicaríamos o vivido, o conhecimento, as alegrias breves dos momentos felizes. As tristezas e desilusões também, mas, sempre, valendo a pena.
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quinta-feira, janeiro 15, 2009

terça-feira, janeiro 13, 2009

hoje

A chuva estava prometida para Lisboa, mas o Sol aí está, quase aberto, afagador. Sinto-me desagriolhada, após tantos dias de frio embotante. Vou lá fora espanejar a alma, sem horas nem rotinas, desobrigada, aproveitar a tua ausência. Por vezes, a solidão pode ser saborosa.
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segunda-feira, janeiro 12, 2009

cinema

a verdadeira história, nos jornais, e os vídeos do filme, clicando em changelingmovie
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imagem da "Visão"

domingo, janeiro 11, 2009

antigamente...

botins, polainas, chapéu de coco....
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("bons velhos tempos", em Mação, finais do séc. XIX, início do séc.XX)
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Ainda ouço os teus passos no corredor
Da velha casa.
Os ombros arqueados, altivos,
Na moldura da janela,
" sem casaco não se assoma ".
Um passado que resiste nas normas que acordam
O interior da alma.
Mas a velha gata ronronava, feliz, nos teus afagos.
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sábado, janeiro 10, 2009

a neve

em Portugal, pelo "Público"

A neve pôs uma toalha calada sobre tudo.
Não se sente senão o que se passa dentro de casa.
Embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar.
Sinto um gozo de animal e vagamente penso,
E adormeço sem menos utilidade que todas as ações do mundo.
in "Poemas Inconjuntos" Heterónimo de Fernando Pessoa

relembrar o passado em...

e revivê-lo...
(clique p/ ver o vídeo)
A cidade ainda não o era, mas já grande na dimensão dos olhos que a viam, avenida larga, jardim a estrear, coreto e música nas noites estreladas e quentes daqueles Verões. Tinha castelo e choupal, e até os velhos baloiços do parque são agora brinquedos da imaginação. Atirei-me de um deles, andamento moderado, é verdade, mas o que interessa é o pavor nos sentidos, vindo não sei de onde, talvez ainda memórias daquela tarde em que minha irmã, "a quase-mãe", deixou brotar as tentações naturais da idade, e me levou no colo às oscilantes alturas de onde planei directa para o chão. Ficou-me o trauma, por certo, que ainda hoje, baloiço e alturas, são vertigens com que não caso...
E a igreja onde me escondi, dois dias a fio, receosa das palmatoadas da D. Gertrudes. Professora exigente e arrebitada, pouco íntima das minhas timidezes e da displicência do meu pai na exigência dos materiais. Não me perdoou ser filha de "Dr"e não precisar das explicações domésticas e pagas. Vergou durante as provas finais, para me incitar a doirar-lhe o currículo com ansiada distinção. Consegui, para mérito e glória próprios.
O velho Tribunal, antigo Convento, lajes gastas pelos passos de tantos e tão diversos, vetusto claustro florido, orlado de campânulas lilases que, com desgosto, já não encontrei.
A velha e grande casa resiste. Grande ainda no tamanho e nas emoções que guarda.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Apelo ancestral

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A imagem vem no Lifecooler, publicada por José Santos. É um recanto em Penedo Furado, Vila de Rei. Recorda-me, não longe, Mação. A Mação paterna.
Cidadã quase nómada que sempre fui, sinto no peito a chama das radículas que desconheço. O encontro com alicerces da minha história inflamam sempre o meu estro. Anseio por cada bocadinho que reflicta esse espaço.

Olhares

reflectir entre janelas ...



Lisboa por d´assis
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Entre-Mãos

a digerir...


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O funcionamento do cérebro e as capacidades evolutivas dos animais, em geral, e a do Homem, em particular, são assuntos apaixonantes. Por isso, esta escolha.ELKHONON GOLDBERG, neurologista americano, investigador, ao ver chegar a meia-idade, voltou os seus interesses científicos para este tema. Desafiaram-no questões tais como "actividade-idade-capacidade neuronal" ou ainda "poder-idade-demência". Nestes contextos, líderes famosos como Hitler, Estaline ou Reagan.
Apesar de tudo, tira conclusões optimistas e interessantes. De reter: "Uma pessoa não nasce para ser sábia: uma pessoa torna-se sábia e esse é o prémio de uma longa jornada."

música


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quinta-feira, janeiro 08, 2009

Entre-Mãos (Toda a Geografia do Mundo)

a rever





Dois autores - JEAN-CLAUDE BARREAU e GUILLAUME BIGOT - com poderoso curriculum universitário, e uma obra que abarca, em simultâneo, aspectos geográficos e históricos. Prende o interesse pela análise contextualizada dos lugares. Exige atenção crítica pela subjectidade com que é feita a análise dos factos.
Curiosa a forma como vai abordando assuntos tão diversos como, por exemplo, a diferenciação ( e respectivas consequências sociais e políticas) entre a montanha-passagem ou a montanha-fronteira, a explicação dos períodos de reaquecimento terrestre ou ainda a afluência dos "pieds-noirs" no mundo actual.

De interesse como reavivadora de conhecimentos.

museu de arte antiga


Titus foi o único filho de Rembrandt que sobreviveu à infância, mas o seu nascimento custou a vida da mãe, Saskia. Da Holanda chega-nos um dos retratos em que o pintor o imortaliza. Vai estar exposto em Lisboa, até 8 de Fevereiro, no Museu de Arte Antiga.

Rituais

Os xamãs peruanos, em Lima, ritualizam desta forma o pedido de um novo ano feliz.

terça-feira, janeiro 06, 2009

segunda-feira, janeiro 05, 2009

AS ILHAS AFORTUNADAS


AS ILHAS AFORTUNADAS

Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,Cala a voz, e há só o mar.

Fernando Pessoa 26-3-1934

estreia

Acordar acre, já que adormeci, iam as sete alongadas. Perdida no sofá aconchegante, auscultadores nos ouvidos não fosse importunar alguém, a madrugada engolida com filmes de cow-boys e conselhos do dr. Phil. Foi este o prenúncio duma estreia. Da escrita, que às noites largadas, olhos abertos no escuro e pensamentos indomáveis, já a alma se me acostumou.
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