Aqui te amo
Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento.
A lua fosforece sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.
Desaperta-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata desprende-se do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes amanheço e até a alma está húmida.
Soa, ressoa o mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.
- Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
- Eu continuo a amar-te entre estas frias coisas.
- Às vezes vão meus beijos nesses navios graves
- Que correm pelo mar aonde nunca chegam.
- Já me vejo esquecido como estas velhas âncoras.
- São mais tristes os cais quando fundeia a tarde.
- A minha vida cansa-se inutilmente faminta.
- Eu amo o que não tenho.E tu estás tão distante.
- O meu tédio forceja com os lentos crepúsculos.
- Mas a noite aparece e começa a cantar-me.
- A lua faz girar a sua rodagem de sonho.
Olham-me com os teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome com as folhas de arame.
(Pablo Neruda - "Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada")
5 comentários:
Donas de Casa Desesperadas é uma novela made in USA very popular. Será o princípio da Gestão da Inovação do Lar Doce Lar? Ou a ausência do prémios do euromilhões, quando existe omissão da sorte? Mas a imagem tem muito mais poesia que o Neruda (é um dos poetas que mais me sensibilizam)
Pablo Neruda, um Mestre!
Obrigada pela visita e pelo seu comentàrio.
Obrigada eu, por esta visitinha. Fico feliz. O Poeta vive em quem dele gosta.
I like it! Good job. Go on.
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Hi! Just want to say what a nice site. Bye, see you soon.
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